Classificação Botânica:
Nome científico: Manihot esculenta Crantz
Família: Euphorbiaceae
Nomes populares: Mandioca, macaxeira, aipim
Nome em inglês: Cassava
Origem:
Originária da Brasil, a mandioca constitui um dos principais alimentos energéticos para cerca de 500 milhões de pessoas, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde é cultivada em pequenas áreas com baixo nível tecnológico. Mais de 80 países produzem mandioca, sendo que o Brasil participa com mais de 15% da produção mundial.
Características:
Mandioca é o nome pelo qual é conhecida a espécie comestível e mais largamente difundida do gênero Manihot, composto por diversas variedades de raízes comestíveis.
O nome dado ao caule do pé de mandioca é maniva, o qual, cortado em pedaços, é usado no plantio.
Trata-se de um arbusto que teria tido sua origem mais remota no oeste do Brasil (sudoeste da Amazônia) e que, antes da chegada dos europeus à América, já estaria disseminado, como cultivo alimentar, até a Mesoamérica (Guatemala, México). Espalhada para diversas partes do mundo, tem hoje a Nigéria como seu maior produtor.
No Brasil, possui muitos nomes, usados em diferentes regiões, tais como: mandioca-brava - a que contém o venenoso ácido cianídrico - aipim, castelinha, macaxeira, mandioca-doce, mandioca-mansa, maniva, maniveira, pão-de-pobre, e variedades como aiapuã e caiabana, ou nomes que designam apenas a raiz, como caarina.
Etimologia:
"Mandioca" origina-se do termo tupi mãdi'og. "Aipim" origina-se do termo tupi ai'pi'. "Macaxeira" origina-se do termo tupi maka'xera. "Maniva" origina-se do termo tupi mani'iwa.
Lendas:
O folclorista Câmara Cascudo registra alguns mitos sobre a mandioca. São eles:
Entre os parecis, povo de Mato Grosso, no Brasil, a história é a seguinte: Zatiamare e sua esposa Kôkôtêrô tiveram um par de filhos - o menino Zôkôôiê e uma menina, Atiolô - que era desprezada pelo pai, que a ela nunca falava senão por assobios. Amargurada pelo desprezo paterno, a menina pediu à mãe que a enterrasse viva; esta resistiu ao estranho apelo, mas ao fim de certo tempo, atendeu-a: a menina foi enterrada no cerrado, onde o calor a desagradou, e depois no campo, também lugar que a incomodara. Finalmente, foi enterrada na mata onde foi do seu agrado; recomendou à mãe para que não olhasse quando desse um grito, o que ocorreu após algum tempo. A mãe acorreu ao lugar, onde encontrou um belo e alto arbusto que ficou rasteiro quando ela se aproximou; a índia Kôkôtêrô, porém, cuidou da planta que mais tarde colheu do solo, descobrindo que era a mandioca.
Entre os bacairis, a lenda conta de um veado que salvara o bagadu (peixe da família Practocephalus) que, para recompensá-lo, deu-lhe mudas da mandioca que tinha ocultas sob o leito do rio. O veado conservou a planta para alimentação de sua família, mas o herói dos bacairis, Keri, conseguiu pegar, do animal, a semente, que distribuiu entre as mulheres da tribo.
A lenda de Mani foi registrada em 1876, por Couto de Magalhães. Em domínio público, este foi o registro do folclorista:
"Em tempos idos, apareceu grávida a filha dum chefe selvagem, que residia nas imediações do lugar em que está hoje a cidade Santarém. O chefe quis punir no autor da desonra de sua filha a ofensa que sofrera seu orgulho e, para saber quem ele era, empregou debalde rogos, ameaças e por fim castigos severos. Tanto diante dos rogos como diante dos castigos a moça permaneceu inflexível, dizendo que nunca tinha tido relação com homem algum. O chefe tinha deliberado matá-la, quando lhe apareceu em sonho um homem branco que lhe disse que não matasse a moça, porque ela efetivamente era inocente, e não tinha tido relação com homem. Passados os nove meses, ela deu à luz uma menina lindíssima e branca, causando este último fato a surpresa não só da tribo como das nações vizinhas, que vieram visitar a criança, para ver aquela nova e desconhecida raça. A criança, que teve o nome de Mani e que andava e falava precocemente, morreu ao cabo de um ano, sem ter adoecido e sem dar mostras de dor. Foi ela enterrada dentro da própria casa, descobrindo-se e regando-se diariamente a sepultura, segundo o costume do povo. Ao cabo de algum tempo, brotou da cova uma planta que, por ser inteiramente desconhecida, deixaram de arrancar. Cresceu, floresceu e deu frutos. Os pássaros que comeram os frutos se embriagaram, e este fenômeno, desconhecido dos índios, aumentou-lhes a superstição pela planta. A terra afinal fendeu-se, cavaram-na e julgaram reconhecer no fruto que encontraram o corpo de Mani. Comeram-no e assim aprenderam a usar da mandioca."
Câmara Cascudo acrescenta que o nome mandioca advém de Mani + oca, significando "casa de Mani". É, segundo este autor, um mito tupi, recontado em obras posteriores, como Lendas dos Índios do Brasil, de Herbert Baldus (1946), e Antologia de Lendas dos Índios Brasileiros, de Alberto da Costa e Silva (1956).
Variedades:
As variações não se restringem apenas à quantidade de ácido cianídrico. Variam também as cores das partes de folhas, caules e raiz, bem como sua forma.
Utilização:
No caso do aipim (a mandioca-doce ou sem veneno), é consumido também somente descascado e cortado em pedaços que são cozidos e depois fritos.
Está presente também no preparo de receitas típicas da Amazônia, como o tacacá e o molho tucupi, que é preparado com o caldo resultante da prensagem da massa. Com suas folhas cozidas, prepara-se a maniçoba.
Dela, também são feitas bebidas como o cauim (indígena), feito através de fermentação. Por meio de um processo de destilação, também é produzida uma cachaça ou aguardente de mandioca: a tiquira. Possui elevado teor alcoólico. É comum no estado do Maranhão mas é pouco conhecida no restante do Brasil.
No Brasil Colônia, foi um dos principais alimentos utilizados pelos colonos. Em forma de farinha, integrava vários pratos, como bolo, beiju, sopa, angu e, às vezes, misturada apenas com água ou com feijão e carne, quando havia.
Durante a implantação do Pró-álcool, a mandioca foi estudada como possível alternativa de matéria-prima para a produção de etanol.
Dela, também se faz outra farinha: o polvilho (fécula de mandioca), doce ou azedo, que serve para a preparação de diversas comidas típicas brasileiras, como o pão de queijo.
Apesar de frequente em países da África e da Ásia, para onde foram levadas pelos colonizadores ibéricos, o hábito de se utilizar as folhas da planta para alimentação, no Brasil, só ocorre na Região Norte.
Na África, é comum consumir-se, além da raiz, também as folhas jovens em forma de esparregado. Em Moçambique, estas são piladas (moídas no pilão), juntamente com alho e a própria farinha seca da raiz e, depois, cozinhada normalmente com um marisco (caranguejo ou camarão); esta comida se chama matapa e é uma das mais populares da culinária moçambicana. Em Angola, este esparregado é conhecido como kissaca.
A farinha de mandioca comumente é preparada a partir da mandioca-brava. Para se extrair a manipuera, é necessário o uso do tipiti ou outro tipo de prensa. Dela, retira-se a caiarema ou carimã. No linguajar popular, polvilho. "Manipuera" se origina dos termos tupis: Mani = o nome da menina, puera (guera) = tem o significado de ruim (a parte ruim da mani), o que já foi, velho.
Receita:
Mandioca Frita
1 kg de mandioca
óleo de canola para fritar
sal a gosto
Modo de Preparo
1. Com uma faca afiada, descasque a mandioca. Corte a mandioca em pedaços (8 cm) de comprimento. Em seguida, corte cada pedaço ao meio, e cada metade ao meio novamente. Passe os pedaços ligeiramente sob água corrente, para retirar a terra. Escorra e reserve.
2. Numa panela grande, coloque as mandiocas, o sal e cubra com água. Leve ao fogo alto e espere ferver.
3. Deixe cozinhar por 10 minutos, ou até que as mandiocas fiquem macias. Para verificar o ponto, espete alguns pedaços com um garfo. Se estiver macia, está cozida.
4. Escorra a água das mandiocas, com a ajuda de uma peneira, e deixe esfriar.
5. Numa panela média, coloque óleo, o suficiente para cobrir as mandiocas, e leve ao fogo alto para aquecer.
6. Quando o óleo estiver quente, coloque os pedaços de mandiocas e frite até que eles fiquem ligeiramente dourados.
7. Com cuidado, retire as mandiocas com uma escumadeira e coloque sobre um prato com papel-toalha.
8. Tempere com sal e sirva a seguir.
Fontes:
www.embrapa.br
www.wikipedia.org.br
www.panelinha.ig.com.br